quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Post 11 - Futebol - Hexa: A dependência de um título que (quase) ninguém viu

No longínquo ano de 1968, Ramos marcou o gol da vitória do Náutico por 1x0 sobre o Sport que decretou o título pernambucano. O sexto seguido. De 1969 até 1973, o Santa Cruz seria penta, ameaçando conquistar em 74 mais um campeonato. O Náutico venceu, tirando a chance do Santa de igualar a hegemonia do hexa e a partir daí surgiu o slogan Hexa é Luxo. 

"Os homens fazem muito mais para evitar o que temem do que para obter o que desejam". Ao ler esta frase em O Código da Vinci, o assunto Hexa campeonato veio a minha cabeça e me desvirtuou da leitura. Hoje o Náutico vive em função deste título, que os cardeais alvirrubros insistem em endeusar e querem que uma nova geração passe a valorizar algo que não viu

Na opinião dos componentes deste blog, o hexa não é luxo. O hexa representa uma década vitoriosa (a última por sinal) do Clube Náutico Capibaribe, e nada mais que isto. Quase 44 anos depois desta conquista, o Náutico venceu apenas 7 campeonatos. Todos estaduais. Não disputou sequer uma vez uma competição sul-americana. Daí, o blogueiro que vos escreve defende o argumento de que o Náutico se tornou dependente do hexa. A prova disso é que, em 2001 e 2011, quando o Sport vinha de uma sequência de 5 títulos, o Náutico passou a no inicio do ano contratar jogadores que em anos "normais" não estariam em Pernambuco. Em 2001, vivendo o período mais obscuro de sua centenária história, o Náutico trouxe Sangaletti, Wallace, Gilberto, jogadores que não estavam dentro da realidade do clube e que vieram com a colaboração de alvirrubros de maior poder aquisitivo. Em 2011, Eduardo Ramos, Ricardo Xavier, Deyvid Sacconni foram contratados e Bruno Meneghel renovou. Tudo isso devido a ameaça de perder um título que 80% dos alvirrubros não viram.

A hegemonia do futebol pernambucano foi perdida pelo Náutico há muito tempo. Na falta de títulos, a torcida passa a acomodar-se com "conquistas" medíocres (como a manutenção na SEGUNDA DIVISÃO em 2010, situação em que houve queima de fogos, ou ainda a ideia de Toninho Monteiro de pintar o estádio dos Aflitos para exaltar o VICE-CAMPEONATO da SÉRIE B de 2011). O comodismo reina no Clube Náutico Capibaribe. Vamos esperar mais um pentacampeonato do Sport para formar um time pra ser campeão? Com todo respeito, mas Dori, Henrique, Gustavo e Berger são os jogadores que vão nos levar ao prometido título estadual?

O hexa é uma conquista importante, mas o Náutico não pode viver em função dele. Tem que partir para novas conquistas, escrever novas histórias. De 1996 até o momento atual, o Sport conquistou mais títulos do que o Náutico em quase 44 anos. Falo isso, meus amigos, não para exaltar o rival, mas sim para mostrar o quão nos tornamos acomodados. Vamos esperar mais quanto tempo para voltar a vencer um Campeonato Pernambucano? Quanto tempo vamos ter que esperar para vencer uma competição nacional? Será que vou ter que contar a meus filhos uma história contada pelo meu avô, cujos personagens são jogadores que já estavam aposentados no ano que nasci?

Com o Náutico, onde ele estiver. 


OBS: O autor pede desculpas por "quebrar" a ordem de postagens, mas a irritação com o empate com o lanterna América foi maior. 

OBS²: O alvirrubro Sérgio Ramone fez uma observação interessante quanto ao título do post. Se só fossem contados os títulos que nós vimos, o Brasil seria para muitos apenas bi mundial. É bem verdade que o título passe essa impressão, mas não é esta a ideia que queremos passar. O hexa tem que ser, sim, valorizado. Não pode-se é apenas viver em função disto. O Náutico tem que conquistar novos títulos. Mas fica aqui o agradecimento pela participação.

2 comentários:

  1. Falta visão de longo prazo para a cúpula do Clube Náutico Capibaribe. Eles não pensam no clube daqui a 10, 20 anos. Eles pensam como vai ser no ano que vem! É necessário um objetivo institucional para nortear as ações do Náutico. Pra ilustrar esse raciocínio, foi usar um exemplo talvez já batido: o lema do Barcelona é "mais do que um clube". Há muitos anos (desde os idos dos anos 70 e 80) o Barcelona se propôs a ser mais do que um clube. Pretendeu ser uma escola de futebol. E os resultados foram conquistados paulatinamente, e culminaram com o excelente trabalho que vem sendo desempenhado nos dias de hoje, época em que o Barcelona está anoz-luz à frente dos demais concorrentes. A "Masia" é uma escola luxuosa de futebol para adolescentes, e nasceu a partir de uma simples idéia há pouco mais de 30 anos atrás. E só hoje o mundo consegue olhar para o Barcelona e reconhecê-lo de forma unânime como o melhor time de futebol da atualidade (talvez de toda a História), superando até mesmo o futebol brasileiro.

    ResponderExcluir
  2. Marco Aurélio Cunha, eu li todos os artigos do globoesporte.com dessa semana sobre a Escola Barcelona e fiz observações muito parecidas com a sua, sobre a Masia, sobre a forma de trabalhos, os treinamentos, lá se toda uma filosofia..

    ResponderExcluir