A terceira eliminação consecutiva nas semi-finais do Campeonato Pernambucano sacramentam um jejum de nove anos sem títulos. Esta marca é o melhor exemplo do estado letárgico em que, há muito, o Clube Náutico Capibaribe entrou. A dita letargia é um produto de gestões fracassadas que vem sendo conduzidas pelo mesmo grupo de cardeais que, ano após ano, vem revesando-se nas pastas mais importantes do clube.

Com esses contra-argumentos, não quero dizer que os diretores devam torrar todo o dinheiro no Campeonato Pernambucano e esquecer do importante segundo semestre (como foi feito na gestão de Berillo Júnior, onde tivemos salários atrasados em 2010 que impediram o acesso do time de Alexandre Gallo e 2/3 do orçamento anual gastos nos 4 primeiros meses de 2011). Mas quero deixar bem claro que o Náutico tem sim condições de fazer um time mais forte e que vença tranquilamente o estadual.
Primeiramente, as saídas de Araújo para o Atlético Mineiro e de Kieza para o futebol chinês representaram uma economia de 210 mil reais na folha salarial. Por que nenhum nome à altura foi trazido para substituir, com eficiência, ao menos um deles?
Além disso, vale salientar os recursos que o Náutico vem deixando de gerar por falta de competência. Uma das metas de Paulo Wanderley, ao assumir o Náutico, foi de aumentar o quadro social para 20.000 sócios adimplentes. Com um ano e meio de gestão, não temos nem 5.000.
Com tudo acima feito, tenho certeza que o Náutico teria condições de melhor qualificar o elenco montado para o Campeonato Pernambucano.
Digo tudo isto porque, deixando de investir, acredito que o Náutico deixe de ganhar dinheiro. Sim, acredito que essa "economia" não seja bem uma economia. Sem títulos, e por ter um deficiente trabalho de marketing, o Náutico não atrai sócios. E sem ambos, não atrai patrocinadores (passamos 16 meses sem um). Com isso, perdemos ainda mais na receita.
Vale ressaltar que, de janeiro de 2010 até maio de 2012, o Náutico deixou de faturar aproximadamente 2,25 milhões por passar 62% desse período sem a cota principal. Imaginem quanto mais foi deixado de ganhar em quase um ano.

E, ainda mais importante: sem títulos, o Náutico deixa de ganhar torcedores. Uma reputada empresa portuguesa que oferece cursos voltados para os diversos segmentos da gestão esportiva lançou o seguinte dado: as crianças tendem a trocar de time até os 13 anos. O marketing do clube não trabalha esse público, e, na carência de títulos, é natural que o clube perca torcedores para os clubes mais vitoriosos. E, a longo prazo, mais dinheiro é perdido. Então, no fim, quanto vale essa economia? Alguém duvida que, com essas receitas, daria pra montar um time de muito mais qualidade e, lógico, mantê-lo até o fim da temporada?
Não concordo com a desvalorização que vem sendo feita do pernambucano. Times como Goiás e Figueirense, que ficaram vários anos consecutivos na Série A, foram campeões estaduais em vários deles, sem fazer loucuras. E assim como o Náutico, eles configuram a classe mediana nacional do futebol. Vejam o comparativo abaixo:
Goiás - Temporadas consecutivas na Série A: 11 (de 2000 até 2010)
Títulos estaduais neste período: 5 (2000, 2002, 2003, 2006 e 2009)
Figueirense - Temporadas consecutivas na Série A: 7 (de 2002 até 2008)
Títulos estaduais neste período: 5 (2002, 2003, 2004, 2006 e 2008)
Não vejo porque o Náutico tem que ser diferente. Esses times tiveram um planejamento sério, que lhes permitiu conciliar à conquista de títulos com boas campanhas nacionais. Se eles conseguiram, nós também podemos. E devemos. Porque, sinceramente, não vejo como o Náutico pode voltar a ser uma potência nacional sem, antes, recuperar à hegemonia estadual/regional.
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