A saída de Lisca foi indiscutivelmente o assunto mais comentado nos últimos dois dias no futebol pernambucano, intitulado como "o mais animado do Brasil". De fato, a imprensa repercutiu bastante o fato, até pela maneira de como a notícia vazou (um taxista que atendeu Lisca anunciou sua saída em primeira mão) e a torcida, em sua maioria (e incluo-me neste grupo), lamentou bastante a saída do comandante. Mas é preciso deixar o passado recente para trás e mirar no principal objetivo do clube.
A Série B sempre se caracterizou como uma competição de enorme competitividade, bem mais nivelada do que a Série A. Com exceção dos anos de 2003, 2005, 2006, 2008, 2009 e 2013, quando times como Palmeiras (por duas vezes), Botafogo, Grêmio, Corinthians e Vasco (disputando a competição pela segunda vez em cinco anos), membros do "G-12", estiveram na disputa já como virtuais campeões, sempre foi difícil apontar um campeão na Série B. Até times mais tradicionais que os habituais, como Coritiba, Goiás, Atlético/PR e Figueirense ou levaram mais de dois anos para subir ou não conseguiram o acesso com título. A competitividade chegou a níveis alarmantes em 2012, quando o São Caetano obteve 71 (setenta e um) pontos (a "margem de segurança" é de 65) e ainda assim não conseguiu o acesso.
O Náutico, nas últimas edições em que participou no atual sistema, sempre esteve brigando por alguma das quatro vagas. Subiu em 2006, em 2010 foi o time do 1º turno que passou mais tempo no G-4, porém atrasos salariais ocasionaram uma brusca queda de rendimento que quase terminou em rebaixamento. Tornou a subir em 2011, ficando em 2º lugar atrás apenas do histórico time da Portuguesa apelidado de "Barcelusa" pelo futebol de alto nível praticado.
Para ter êxito nesse fundamental desafio, o Náutico precisa resolver alguns problemas prementes:
- Achar um técnico que se enquadre no perfil técnico/financeiro do clube e tenha condição de galgar e buscar o título;
- Resolver seu problema de preparação física (terá uma intertemporada valiosa para fazê-lo);
- Resolver problemas internos que evidentemente existem;
- Identificar necessidades pontuais do time e reforçá-lo com o máximo de critério.
A fórmula para subir os degraus que levam até a Série A é conhecida: vencer em casa. Tanto em 2006 como em 2011, o Náutico teve a melhor campanha como mandante da competição. Em 2006 perdeu apenas um jogo em seus domínios e em 2011 foi o único time das quatro séries futebolísticas nacionais a terminar invicto em casa.
Pesou para o título não vir nos anos citados a irregularidade fora de casa. Em 2006 foram apenas duas vitórias em territórios inimigos e o dobro em 2011. Um padrão que permita ao timbu executar ao máximo o planejamento básico passa pela chegada de um técnico que conheça a competição, teorica ou praticamente.
Foram característica desse time também a presença de ao menos um jogador que puxasse a responsabilidade e resolvesse nos momentos mais difíceis.
Em 2006, Netinho, Kuki e Felipe foram responsáveis, juntos, por 41 dos 64 gols do Náutico, ou 64,06% dos gols marcados; em 2011, Kieza, sozinho, foi responsável por 21 dols 51 gols do Náutico, ou 41,1% dos gols marcados. É preciso encontrar, ainda, os jogadores que assumam esse posto. Infelizmente, como visto no post passado (Lisca Precipitado), lesões tiraram de combate atletas que já eram pilares do grupo
O acesso é possível. Com ou sem Lisca. A vantagem competitiva praticamente não existe. Com exceção do Vasco, os times são muito nivelados. Vai ser duro. Mas vai ter que ser.
Vamos subir, Náutico
Nenhum comentário:
Postar um comentário