A data oficial da fundação do Clube Náutico Capibaribe é 7 de
abril de 1901. Mas a ideia de fundar o clube tinha ocorrido ainda no século XX,
quando jovens amantes do remo, liderados por João Victor da Cruz Alfarra,
alugavam barcos no antigo cais da Lingüeta, e saíam em excursões até os
arrecifes, na antiga Casa dos Banhos.
Este grupo de Alfarra foi responsável pela apresentação náutica na recepção do general Artur Costa, recém-chegado da Guerra dos Canudos. Foi marcada uma grande regata, despertando o interesse dos outros recifenses, e outras atividades foram promovidas. Estas atividades aumentaram de forma significativa o número de adeptos do remo, e empregados dos armazéns das ruas Rangel e Duque de Caxias formaram uma nova agremiação, batizada de Clube dos Pimpões.
Com esse aumento no número de praticantes dos remos, foram fundadas várias agremiações, e havia várias disputas na Casa dos Banhos. Um destes grupos juntou-se ao de Alfarra para fundar uma sociedade, o Clube Náutico Capibaribe.
Fundada esta sociedade, que representava a união de dois grupos Náuticos, não poderiam deixar de haver pequenas divergências e reformas, e uma delas foi à mudança de nome da agremiação, que passou a ser chamada de Recreio Fluvial. Este nome durou pouco tempo, pois não era consenso entre os membros, sendo restaurado o antigo nome.
Agora chegamos aos termos oficiais. Em 7 de abril de 1901, Alfarra convocou os membros do grupo para registrar a primeira ata do clube, e por conta disto, esta data é a de fundação do Clube Náutico Capibaribe.
O futebol no Náutico demorou a aparecer, pois a agremiação era focada apenas nas atividades Náuticas, motivo que fez os cardeais do clube recusarem a proposta de Guilherme de Aquino de aderir ao futebol. Mas a popularização do esporte no Brasil fez com que, 4 anos depois da recusa, especificamente em 1909, o Clube Náutico Capibaribe passasse a realizar atividades futebolísticas, limitadas aos domingos no campo de Santana ou na Campina do Derby.
Primeira referência Jornalística do futebol no Náutico
"Consta-nos que os rapazes do Náutico tratam de formar um eleven para bater-se com os do Sport Club". Trecho do Jornal Pequeno, 12/05/1909
Outro trecho do mesmo jornal, desta vez publicado em 21/06/1909
"Houve ontem no magnífico ground do Derby o primeiro match-training dos estimados rapazes do Club Náutico. Às 5 horas da manhã lá estavam já todos os moços que deviam tomar parte no jogo, alegres e prontos para entrar em combate. Foram logo designados os lugares dos jogadores que tomaram lugar no match-training e dado início ao jogo. Pertencem a este team os arrojados foot-ballers: R. Maunsell, Hermann Ledebour, João Drayer e Artur Ludgren. Os ensaios terminaram pouco depois das 8 horas da manhã, deixando a melhor impressão ao sr. R. Maunsell, instructor dos moços. Serviu referee o senhor Hermann Ledebour. Damos parabéns aos rapazes do Náutico pelo bonito começo no foot-ball".
Como pode-se perceber, o plantel alvirrubro era essencialmente formado por ingleses e alemães, por isso é conhecido como “clube das colônias inglesa e alemã”. Mas o clube seria adotado também por outros europeus, portugueses, espanhóis, franceses e holandeses, fato que deu o título ao alvirrubro de Clube Aristocrático. Como a maioria das equipes de futebol da época, o Náutico não permitia negros na equipe, e também era chamado de Clube dos Brancos (fato lamentável que seria abolido depois da persistência do Vasco da Gama, mas isso é outra história).
O Náutico disputou sua primeira partida oficial em 25/07/1909, contra o Sport, no British Club, vencendo por 3x1. Apesar do inicio vitorioso o clube manteve-se amador e fez fracas campanhas nas primeiras edições do Campeonato Pernambucano.
Foi Campeão Pernambucano pela primeira vez em 1934, vencendo o Santa Cruz no campo da Av. Malaquias, e teve Fernando Carvalheira como primeiro artilheiro alvirrubro de uma edição do Campeonato PE, com 28 gols.
Foi também em 1934 que o Náutico adotou o timbu como seu mascote, devido a provocações da torcida do América em partida realizada no Campo da Jaqueira. Devido ao frio que se fazia e as condições precárias do vestiário, o treinador alvirrubro preferiu passar o intervalo orientando seus atletas dentro do campo. Um dos dirigentes alvirrubros levou uma garrafa de conhaque para aquecer os jogadores, e a torcida do América, empolgada pela parcial vitória de 1x0, começou a gritar: “Timbus... Timbus” devido ao fato de o animal gostar de bebidas alcoólicas. O Náutico virou a partida, vencendo por 3x1. No fim, os jogadores alvirrubros foram para perto da torcida do América revidar, e o gritou “TIMBU 3X1... TIMBU 3X1” ecoou no Campo da Jaqueira, e o Náutico adotou oficialmente o animal como seu mascote.
O Estádio dos Aflitos foi inaugurado em uma partida contra o Sport, pelo ano de 1939 (ano em que mais uma vez ganhou o Campeonato PE), vencida pelo Náutico pelo placar de 5x2, com o alvirrubro Wilson marcando o primeiro gol do estádio.
A maior goleada aplicada pelo CNC foi pelo placar de 21x3, em cima do Sport Club Flamengo, partida em que o alvirrubro Tará, artilheiro do certame de 1945 com 28 gols, marcou 9 tentos.
Ao ganhar o título de campeão pernambucano de 1950, o Náutico ficou conhecido como “Campeão do Ano Santo” e iniciando uma série de 3 títulos estaduais, vencendo também em 51 (conquistando o simbólico título de campeão do cinqüentenário) e 1952.
Ao empatar com o Sport na final do Campeonato Pernambucano de 1954, o Náutico foi chamado de Campeão do Tri-Centenário da Restauração Pernambucana, em comemoração a expulsão dos holandeses de Pernambuco.
Na década de 60, o Náutico viveu sua época de ouro. Foi campeão em 1960, vencendo o Santa Cruz nas duas partidas da final. Em 1961, estreia na Taça Brasil terminando em uma honrosa 4ª posição, sendo ainda 3º colocado em 1965 e 1966, e vice-campeão em 1967. Foi pioneiro em Pernambuco em jogos no exterior, primeiro tetra-campeão pernambucano, primeiro penta e primeiro e único hexa. Esses recordes foram batidos na seqüência lendária de 1963-1968. A partir daí o Náutico adormeceu, amargando inúmeros jejuns de títulos. Em 1974 o Náutico seria campeão pernambucano de novo, tirando o hexa do Santa Cruz, e a partir daí surgiu o slogan Hexa é Luxo. O Náutico ainda conquistaria o campeonato em 84, 85, 89, 2001, 2002 e 2004. São sete títulos - apenas estaduais - desde o hexa. Passagens insignificantes pela Série A do Campeonato Brasileiro, sem participar de competições continentais e perdendo a hegemonia do futebol pernambucano. Hoje somos uma torcida acomodada, com erros na gestão. Este blogueiro que vos escreve criou esta página com a única intenção de apontar erros e propor correções que acredito serem necessárias. Espero que apreciem. Estou aberto a opiniões e sugestões.
Com o Náutico, onde ele estiver.
Antigo Cais da Lingueta
Este grupo de Alfarra foi responsável pela apresentação náutica na recepção do general Artur Costa, recém-chegado da Guerra dos Canudos. Foi marcada uma grande regata, despertando o interesse dos outros recifenses, e outras atividades foram promovidas. Estas atividades aumentaram de forma significativa o número de adeptos do remo, e empregados dos armazéns das ruas Rangel e Duque de Caxias formaram uma nova agremiação, batizada de Clube dos Pimpões.
Com esse aumento no número de praticantes dos remos, foram fundadas várias agremiações, e havia várias disputas na Casa dos Banhos. Um destes grupos juntou-se ao de Alfarra para fundar uma sociedade, o Clube Náutico Capibaribe.
Fundada esta sociedade, que representava a união de dois grupos Náuticos, não poderiam deixar de haver pequenas divergências e reformas, e uma delas foi à mudança de nome da agremiação, que passou a ser chamada de Recreio Fluvial. Este nome durou pouco tempo, pois não era consenso entre os membros, sendo restaurado o antigo nome.
Agora chegamos aos termos oficiais. Em 7 de abril de 1901, Alfarra convocou os membros do grupo para registrar a primeira ata do clube, e por conta disto, esta data é a de fundação do Clube Náutico Capibaribe.
O futebol no Náutico demorou a aparecer, pois a agremiação era focada apenas nas atividades Náuticas, motivo que fez os cardeais do clube recusarem a proposta de Guilherme de Aquino de aderir ao futebol. Mas a popularização do esporte no Brasil fez com que, 4 anos depois da recusa, especificamente em 1909, o Clube Náutico Capibaribe passasse a realizar atividades futebolísticas, limitadas aos domingos no campo de Santana ou na Campina do Derby.
Primeira referência Jornalística do futebol no Náutico
"Consta-nos que os rapazes do Náutico tratam de formar um eleven para bater-se com os do Sport Club". Trecho do Jornal Pequeno, 12/05/1909
Outro trecho do mesmo jornal, desta vez publicado em 21/06/1909
"Houve ontem no magnífico ground do Derby o primeiro match-training dos estimados rapazes do Club Náutico. Às 5 horas da manhã lá estavam já todos os moços que deviam tomar parte no jogo, alegres e prontos para entrar em combate. Foram logo designados os lugares dos jogadores que tomaram lugar no match-training e dado início ao jogo. Pertencem a este team os arrojados foot-ballers: R. Maunsell, Hermann Ledebour, João Drayer e Artur Ludgren. Os ensaios terminaram pouco depois das 8 horas da manhã, deixando a melhor impressão ao sr. R. Maunsell, instructor dos moços. Serviu referee o senhor Hermann Ledebour. Damos parabéns aos rapazes do Náutico pelo bonito começo no foot-ball".
Como pode-se perceber, o plantel alvirrubro era essencialmente formado por ingleses e alemães, por isso é conhecido como “clube das colônias inglesa e alemã”. Mas o clube seria adotado também por outros europeus, portugueses, espanhóis, franceses e holandeses, fato que deu o título ao alvirrubro de Clube Aristocrático. Como a maioria das equipes de futebol da época, o Náutico não permitia negros na equipe, e também era chamado de Clube dos Brancos (fato lamentável que seria abolido depois da persistência do Vasco da Gama, mas isso é outra história).
O Náutico disputou sua primeira partida oficial em 25/07/1909, contra o Sport, no British Club, vencendo por 3x1. Apesar do inicio vitorioso o clube manteve-se amador e fez fracas campanhas nas primeiras edições do Campeonato Pernambucano.
Foi Campeão Pernambucano pela primeira vez em 1934, vencendo o Santa Cruz no campo da Av. Malaquias, e teve Fernando Carvalheira como primeiro artilheiro alvirrubro de uma edição do Campeonato PE, com 28 gols.
Trio Carvalheira
Foi também em 1934 que o Náutico adotou o timbu como seu mascote, devido a provocações da torcida do América em partida realizada no Campo da Jaqueira. Devido ao frio que se fazia e as condições precárias do vestiário, o treinador alvirrubro preferiu passar o intervalo orientando seus atletas dentro do campo. Um dos dirigentes alvirrubros levou uma garrafa de conhaque para aquecer os jogadores, e a torcida do América, empolgada pela parcial vitória de 1x0, começou a gritar: “Timbus... Timbus” devido ao fato de o animal gostar de bebidas alcoólicas. O Náutico virou a partida, vencendo por 3x1. No fim, os jogadores alvirrubros foram para perto da torcida do América revidar, e o gritou “TIMBU 3X1... TIMBU 3X1” ecoou no Campo da Jaqueira, e o Náutico adotou oficialmente o animal como seu mascote.
O Estádio dos Aflitos foi inaugurado em uma partida contra o Sport, pelo ano de 1939 (ano em que mais uma vez ganhou o Campeonato PE), vencida pelo Náutico pelo placar de 5x2, com o alvirrubro Wilson marcando o primeiro gol do estádio.
A maior goleada aplicada pelo CNC foi pelo placar de 21x3, em cima do Sport Club Flamengo, partida em que o alvirrubro Tará, artilheiro do certame de 1945 com 28 gols, marcou 9 tentos.
Ao ganhar o título de campeão pernambucano de 1950, o Náutico ficou conhecido como “Campeão do Ano Santo” e iniciando uma série de 3 títulos estaduais, vencendo também em 51 (conquistando o simbólico título de campeão do cinqüentenário) e 1952.
Ao empatar com o Sport na final do Campeonato Pernambucano de 1954, o Náutico foi chamado de Campeão do Tri-Centenário da Restauração Pernambucana, em comemoração a expulsão dos holandeses de Pernambuco.
Na década de 60, o Náutico viveu sua época de ouro. Foi campeão em 1960, vencendo o Santa Cruz nas duas partidas da final. Em 1961, estreia na Taça Brasil terminando em uma honrosa 4ª posição, sendo ainda 3º colocado em 1965 e 1966, e vice-campeão em 1967. Foi pioneiro em Pernambuco em jogos no exterior, primeiro tetra-campeão pernambucano, primeiro penta e primeiro e único hexa. Esses recordes foram batidos na seqüência lendária de 1963-1968. A partir daí o Náutico adormeceu, amargando inúmeros jejuns de títulos. Em 1974 o Náutico seria campeão pernambucano de novo, tirando o hexa do Santa Cruz, e a partir daí surgiu o slogan Hexa é Luxo. O Náutico ainda conquistaria o campeonato em 84, 85, 89, 2001, 2002 e 2004. São sete títulos - apenas estaduais - desde o hexa. Passagens insignificantes pela Série A do Campeonato Brasileiro, sem participar de competições continentais e perdendo a hegemonia do futebol pernambucano. Hoje somos uma torcida acomodada, com erros na gestão. Este blogueiro que vos escreve criou esta página com a única intenção de apontar erros e propor correções que acredito serem necessárias. Espero que apreciem. Estou aberto a opiniões e sugestões.
Com o Náutico, onde ele estiver.
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