sábado, 18 de fevereiro de 2012

Post 1 - Registro Histórico - Um resgate a história alvirrubra

A data oficial da fundação do Clube Náutico Capibaribe é 7 de abril de 1901. Mas a ideia de fundar o clube tinha ocorrido ainda no século XX, quando jovens amantes do remo, liderados por João Victor da Cruz Alfarra, alugavam barcos no antigo cais da Lingüeta, e saíam em excursões até os arrecifes, na antiga Casa dos Banhos.

Antigo Cais da Lingueta

Este grupo de Alfarra foi responsável pela apresentação náutica na recepção do general Artur Costa, recém-chegado da Guerra dos Canudos. Foi marcada uma grande regata, despertando o interesse dos outros recifenses, e outras atividades foram promovidas. Estas atividades aumentaram de forma significativa o número de adeptos do remo, e empregados dos armazéns das ruas Rangel e Duque de Caxias formaram uma nova agremiação, batizada de Clube dos Pimpões.
Com esse aumento no número de praticantes dos remos, foram fundadas várias agremiações, e havia várias disputas na Casa dos Banhos. Um destes grupos juntou-se ao de Alfarra para fundar uma sociedade, o Clube Náutico Capibaribe.
Fundada esta sociedade, que representava a união de dois grupos Náuticos, não poderiam deixar de haver pequenas divergências e reformas, e uma delas foi à mudança de nome da agremiação, que passou a ser chamada de Recreio Fluvial. Este nome durou pouco tempo, pois não era consenso entre os membros, sendo restaurado o antigo nome.
Agora chegamos aos termos oficiais. Em 7 de abril de 1901, Alfarra convocou os membros do grupo para registrar a primeira ata do clube, e por conta disto, esta data é a de fundação do Clube Náutico Capibaribe.
O futebol no Náutico demorou a aparecer, pois a agremiação era focada apenas nas atividades Náuticas, motivo que fez os cardeais do clube recusarem a proposta de Guilherme de Aquino de aderir ao futebol. Mas a popularização do esporte no Brasil fez com que, 4 anos depois da recusa, especificamente em 1909, o Clube Náutico Capibaribe passasse a realizar atividades futebolísticas, limitadas aos domingos no campo de Santana ou na Campina do Derby.
Primeira referência Jornalística do futebol no Náutico
"Consta-nos que os rapazes do Náutico tratam de formar um eleven para bater-se com os do Sport Club". Trecho do Jornal Pequeno, 12/05/1909


Outro trecho do mesmo jornal, desta vez publicado em 21/06/1909

"Houve ontem no magnífico ground do Derby o primeiro match-training dos estimados rapazes do Club Náutico. Às 5 horas da manhã lá estavam já todos os moços que deviam tomar parte no jogo, alegres e prontos para entrar em combate. Foram logo designados os lugares dos jogadores que tomaram lugar no match-training e dado início ao jogo. Pertencem a este team os arrojados foot-ballers: R. Maunsell, Hermann Ledebour, João Drayer e Artur Ludgren. Os ensaios terminaram pouco depois das 8 horas da manhã, deixando a melhor impressão ao sr. R. Maunsell, instructor dos moços. Serviu referee o senhor Hermann Ledebour. Damos parabéns aos rapazes do Náutico pelo bonito começo no foot-ball".


Como pode-se perceber, o plantel alvirrubro era essencialmente formado por ingleses e alemães, por isso é conhecido como “clube das colônias inglesa e alemã”. Mas o clube seria adotado também por outros europeus, portugueses, espanhóis, franceses e holandeses, fato que deu o título ao alvirrubro de Clube Aristocrático. Como a maioria das equipes de futebol da época, o Náutico não permitia negros na equipe, e também era chamado de Clube dos Brancos (fato lamentável que seria abolido depois da persistência do Vasco da Gama, mas isso é outra história).

O Náutico disputou sua primeira partida oficial em 25/07/1909, contra o Sport, no British Club, vencendo por 3x1. Apesar do inicio vitorioso o clube manteve-se amador e fez fracas campanhas nas primeiras edições do Campeonato Pernambucano.

Foi Campeão Pernambucano pela primeira vez em 1934, vencendo o Santa Cruz no campo da Av. Malaquias, e teve Fernando Carvalheira como primeiro artilheiro alvirrubro de uma edição do Campeonato PE, com 28 gols. 


Trio Carvalheira

Foi também em 1934 que o Náutico adotou o timbu como seu mascote, devido a provocações da torcida do América em partida realizada no Campo da Jaqueira. Devido ao frio que se fazia e as condições precárias do vestiário, o treinador alvirrubro preferiu passar o intervalo orientando seus atletas dentro do campo. Um dos dirigentes alvirrubros levou uma garrafa de conhaque para aquecer os jogadores, e a torcida do América, empolgada pela parcial vitória de 1x0, começou a gritar: “Timbus... Timbus” devido ao fato de o animal gostar de bebidas alcoólicas. O Náutico virou a partida, vencendo por 3x1. No fim, os jogadores alvirrubros foram para perto da torcida do América revidar, e o gritou “TIMBU 3X1... TIMBU 3X1” ecoou no Campo da Jaqueira, e o Náutico adotou oficialmente o animal como seu mascote.

O Estádio dos Aflitos foi inaugurado em uma partida contra o Sport, pelo ano de 1939 (ano em que mais uma vez ganhou o Campeonato PE), vencida pelo Náutico pelo placar de 5x2, com o alvirrubro Wilson marcando o primeiro gol do estádio.

A maior goleada aplicada pelo CNC foi pelo placar de 21x3, em cima do Sport Club Flamengo, partida em que o alvirrubro Tará, artilheiro do certame de 1945 com 28 gols, marcou 9 tentos.

Ao ganhar o título de campeão pernambucano de 1950, o Náutico ficou conhecido como “Campeão do Ano Santo” e iniciando uma série de 3 títulos estaduais, vencendo também em 51 (conquistando o simbólico título de campeão do cinqüentenário) e 1952.

Ao empatar com o Sport na final do Campeonato Pernambucano de 1954, o Náutico foi chamado de Campeão do Tri-Centenário da Restauração Pernambucana, em comemoração a expulsão dos holandeses de Pernambuco.





Na década de 60, o Náutico viveu sua época de ouro. Foi campeão em 1960, vencendo o Santa Cruz nas duas partidas da final. Em 1961, estreia na Taça Brasil terminando em uma honrosa 4ª posição, sendo ainda 3º colocado em 1965 e 1966, e vice-campeão em 1967. Foi pioneiro em Pernambuco em jogos no exterior, primeiro tetra-campeão pernambucano, primeiro penta e primeiro e único hexa. Esses recordes foram batidos na seqüência lendária de 1963-1968. A partir daí o Náutico adormeceu, amargando inúmeros jejuns de títulos. Em 1974 o Náutico seria campeão pernambucano de novo, tirando o hexa do Santa Cruz, e a partir daí surgiu o slogan Hexa é Luxo. O Náutico ainda conquistaria o campeonato em 84, 85, 89, 2001, 2002 e 2004. São sete títulos - apenas estaduais - desde o hexa. Passagens insignificantes pela Série A do Campeonato Brasileiro, sem participar de competições continentais e perdendo a hegemonia do futebol pernambucano. Hoje somos uma torcida acomodada, com erros na gestão. Este blogueiro que vos escreve criou esta página com a única intenção de apontar erros e propor correções que acredito serem necessárias. Espero que apreciem. Estou aberto a opiniões e sugestões.


Com o Náutico, onde ele estiver.

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